Neste momento uma das maiores democracias do mundo está realizando o que muitos descrevem como a eleição presidencial mais importante e dramática dos últimos anos, como admitiu o ex-assessor de Trump Steve Bannon em entrevista a uma emissora inglesa. Os jornais mais importantes do Brasil e do mundo também tratam essa eleição, como a mais importante desde a redemocratização do país.
À medida que a apuração dos votos se aproxima, meu medo é que Bolsonaro permaneça no poder, usando um segundo mandato para minar de forma efetiva as instituições que sustentam nossa democracia. O destino da democracia do Brasil e das relações dos outros países com o Brasil será decidido nessas eleições, asseguram senadores democratas americanos, demonstrando grande interesse na eleição e preocupação quanto as declarações do presidente Bolsonaro quanto a desconfiança no sistema eleitoral e se ele vai acatar pacificamente o resultado das urnas.
O desprezo de Bolsonaro pela democracia está bem documentado. Em mais de uma ocasião, ele afirmou que só deixaria a presidência “morto, preso ou vitorioso e nunca serei preso”. Embora nunca tenha registrado percentual maior que 35% nas pesquisas, Bolsonaro repete que se obtiver menos de 60% dos votos, é porque algo anormal aconteceu.
São falas desconexas de um presidente que passou a maior parte do seu governo atropelando todas as regras do estado brasileiro, por puro desdém pelas instituições, enquanto sua política econômica empurrou 33 milhões de brasileiros para a pobreza, para a fome, os abalos também foram sentidos nos cortes erráticos em áreas sagradas que abrigavam o pensamento crítico; as universidades, onde o corte de orçamento foi justificado por ser uma área de foco contínuo do comunismo.
Todo ódio e descaso destilados ao longo desses intermináveis quatro anos deixaram fissuras profundas mais de 660 mil famílias brasileiras atingidas pela pandemia, que viram pela televisão seu presidente imitar pacientes morrendo com falta de ar. Bolsonaro fez inimigos políticos, armou a população civil como se estivesse formando um exército particular, porque percebeu que os militares brasileiros devolveram o poder aos civis, depois de 21 anos do golpe, assegurando que haviam cumprido a missão de pacificar o país e preservar a democracia, portanto não há sinais eminentes da possibilidade de golpe.
O Alto Comando do Exército inclusive assegura que em suas reuniões não se tem tratado de assuntos de natureza política e todos os 16 generais da cúpula indicaram que vão reconhecer com tranquilidade o resultado das urnas.
Como diz o narrador na nova campanha do TSE “Paz nas Eleições”: “O jogo tem que ser limpo, tanto no futebol quanto na política, adversário não é inimigo e uma eleição em clima amistoso é vitória da democracia”.