A corrupção é intolerante. Deriva-se de ações violentas e criminosas. Não há outro caminho para combater a corrupção senão a punição severa e o repatriamento dos valores subtraídos ilegalmente. A corrupção não é fruto da esfera racional do ser humano e sim da crença e do ponto de vista, nem tão errôneo assim, de que poucos são punidos ou de que a punição se dá segundo critérios partidarizados.
Parece-me que um sentimento de confiança se estabeleceu de hora para outra, mas calma com o andor, pois o santo continua sendo de barro. O esperado impeachment, a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados aconteceu e isso realmente nos remete a um novo capítulo da história política brasileira.
Os fatos, porém, devem ser entendidos particularizados e com detalhes. Grande maioria dos deputados que votaram pela cassação de Eduardo Cunha, jogaram para a plateia, já que a cassação seria inevitável, pois igualmente, muitos tem histórico de investigação pela Justiça.
O atual presidente, deputado Rodrigo Maia, que não responde a nenhum processo, foi captado numa troca de mensagens com Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, pedindo doação.
Passar o país a limpo não é tão simples. A ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal tomou posse dizendo que não conhece um ser humano que não aspire por Justiça e reconhece que os cidadãos brasileiros não hão de estar satisfeitos com o sistema Judiciário.
Assumiu então a responsabilidade de encontrar soluções para reformar o incongruente e disfuncional sistema Judiciário do país, onde processos e pessoas mofam aguardando julgamentos.
Considerada uma workaholic, uma pessoa que trabalha até o limite das forças, a ministra não enfrentará nenhum fato novo. Convive com a lentidão e ineficiência da Justiça na mais alta corte do país desde 2006, quando tornou-se membro da Suprema Corte.
Em sua posse, na semana passada, lá estavam eles, os infiéis da causa pública, os indignos do poder; ministros e parlamentarescitados e denunciados, contrapondo com os discursos pregando rigor absoluto e enxugamento nas benesses concedidas com dinheiro público.
Fica assim, uma leve esperança em dias melhores, tempos mais austeros, como tem que ser. Enfim, quase tudo novo; o Presidente da República, da Câmara Federal, do Supremo e logo teremos novos prefeitos. Vejamos agora se as pautas se renovarão.
Chega de badalações, bajulações e palavras cordiais. Todos nós queremos um Brasil mais justo e a isso não chegaremos juntando cacos. Pluralizando o que escreveu Cecília Meireles, eu diria que precisamos aprender com a primavera a deixar nos cortar para voltarmos sempre inteiros.