Os multi réus

“O país está ficando para trás, se “descivilizando” pela violência generalizada, ineficiência sistêmica, incapacidade de gestão e de inovação, saúde degradada, educação atrasada e desigual; transporte urbano caótico, cidades monstrópoles, concentração de renda, política corrupta; povo dependente, tragédias ambientais e sanitárias. Todos os indicadores são de um país em decadência, com raras ilhas de excelência”. Senador Cristovam Buarque.

Como crer que o processo de impeachment tenha sido levado a cabo para expurgar a corrupção que tomou conta do Governo se 60% dos 594 membros do Congresso brasileiro enfrenta acusações graves e respondem no STF por um cardápio diversificado de crimes, como: suborno, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro, homicídio, apropriação indébita previdenciária, corrupção ativa e passiva, crimes contra o sistema financeiro nacional, incentivo à invasão de terra indígena, incitação ao crime, formação de quadrilha, contratação de pastores da própria igreja paragabinetes, desvio de recursos do BNDES, venda de cartas sindicais, superfaturamento de obras para desviar recursos públicos, inclusão de eleitores em programas sociais em troca de votos. Os dados são do instituto de monitoramento da corrupção, Transparência Brasil.

O multi réu, o poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha dono de contas secretas volumosas na Suíça, abastecidas com dinheiro da corrupção de empresas privadas denunciadas e da Petrobrás responde por crimes contra a Lei de Licitações, de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, está encalacrado na mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal. Cunha, um comentarista de rádio evangélica e economista, posta regularmente mensagens no Twitter citando trechos da Bíblia.

Além de violar as leis, alguns dos legisladores são excepcionalmente réus confessos, debochados e reincidentes ‘ad aeternum\’. Um nome? Paulo Salim Maluf, que sozinho responde a todos e muito mais dos crimes acima mencionados. Hoje diz-se preocupado com a corrupção e votou favorável ao impeachment.

Esse é o deboche! Esse senhor foi preso, liberado por conta da lei que permite pessoas com idade superior a 70 anos cumprir a pena em casa. Registrou-se candidato. A lei eleitoral tentou barrar sua candidatura, ele porém, astuto, articulou-se e elegeu-se o oitavo deputado mais votado por São Paulo para a Câmara Federal. Eleito com mais de 250 mil votos.

Votar nesses senhores corruptos tem sérias consequências. Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), a produção legislativa do Congresso teve desempenho insatisfatório no conjunto de matérias aprovadas em plenário por deputados e senadores.

A produção legislativa, além de baixa em termos quantitativos, foi também de baixa qualidade. Foram aprovadas poucas matérias relevantes. Como crer que possam discutir e aprovar as reformas que precisamos com um Congresso Nacional desse nível?

Novamente o senador Cristovam Buarque explica: “Não se debate um pacto pelo emprego com equilíbrio das contas públicas e pela eficiência da gestão estatal; não se discute como fazer, quanto custa, em quanto tempo e que setores pagarão pelas reformas que o país precisa. As discussões despolitizadas, entre torcidas a favor ou contra, como em um jogo de futebol, não debatem, por exemplo, como fazer com que a escola do filho do mais pobre brasileiro tenha a mesma elevada qualidade que as boas escolas do filho dos brasileiros ricos”.

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