Ostentar não faz parte do estilo de vida dos bilionários

Ostentação é comprar aquilo que você não quer, para mostrar pra quem você não gosta com o dinheiro que você não tem”. Esse aforismo cuja autoria desconheço vem de encontro com a ideia do filósofo e economista americano Thorstein Veblen, sobre o impulso que move o consumo exibicionista no livro `A Teoria da Classe Ociosa`, publicado em 1899. Por classe ociosa, entende-se pessoas que não trabalhavam, porém, sustentavam e ostentavam alto padrão de vida através da riqueza acumulada pela família.

Veblen critica o jogo, a religião, a moda e até a escolha dos animais domésticos baseadas no status vigente. Identifiquei a questão dos animais domésticos no condomínio onde moro. A raça, a roupa dos cachorrinhos são inegavelmente exibidas como símbolo de status. O autor destaca ainda, a importância econômica dos hábitos nos diferentes grupos, ressalta o peso que a história, a sociedade e as instituições têm na difusão dos comportamentos de consumo que exalta a ostentação. A crítica recai no exibicionismo e não no uso do luxo, o autor justifica que pela sua natureza, o desejo de riqueza não se extingue em indivíduo algum.

O sentido de ostentação desempenhado pela vestimenta não é conveniente nem inconveniente, todavia a realização das semanas da moda nas mais cosmopolitas cidades do mundo, como Milão, Paris, Nova Iorque e Londres semanas atrás trouxe uma observação interessante. O show, a ostentação não são prestigiados pelos homens ou mulheres considerados mais ricos do mundo e seus familiares. A moda ostentação atrai celebridades multimilionárias e influencers ou, alguém viu Warren Buffet, Jeff Bezos, Bill Gates, Jorge Paulo Lemann e seus familiares disputando a primeira fila dos desfiles?

Simultaneamente e talvez não propositadamente o jornal The New York Times publicou uma matéria interessante sobre a forma discreta de viver adotada pelos americanos realmente ricos, trocando a ostentação pelo luxo silencioso. A matéria cita além dos nomes que citei acima, Elon Musk, Mark Zuckerberg, como bilionários, cujos estilos de vida passam longe da ostentação. Warren Buffet, vive na mesma casa desde a década de 1950, Jeff Bezos mora numa casa pré-fabricada, de baixo valor de mercado, Zuckerberg e Elon Musk já são conhecidos por seus estilos despojados.

Há, segundo a matéria, uma tendência por quem é verdadeiramente bilionário de até se consumir o luxo, mas em silêncio, nada deve ser notado. Destoou feio dessa tendência de discrição, a atriz americana Jennifer Lopez que também esteve nos noticiários dias atrás, saindo da academia ostentando uma bolsa, considerada a mais cara do mundo, uma Birkin, da Hermès, que custa algo em torno de 2 milhões de reais. Então, percebe a diferença entre os verdadeiramente ricos e celebridades que ostentam?  

A ostentação de riqueza não é apenas desaprovada nos níveis mais altos de riqueza, é também evitada, diz Stellene Volandes, editora-chefe da mais antiga revista que retrata a vida luxuosa dos ricos que querem se distanciar dos holofotes e dos posts ostentação. A discrição é um valor-chave, é um código, onde você pode demonstrar status sem parecer que está demonstrando, ensina.

Autora de vários livros, criticando o exibicionismo e não o luxo, Volandes diz que sempre haverá aquelas pessoas que se cobrem com símbolos de status, como diamantes e bolsas com logomarca aparecendo.

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