Outros e novos dilemas

Estamos sempre presos entre resistir e abraçar a mudança e isso passa a ser um dilema que opera ameaçando as novas oportunidades, num processo transversal entre cultura e acomodação, no sentido em que pesa afastar-se dos caminhos rotineiros e confortáveis.

Perspectiva e realidade diante de uma mudança afeta quase todos os aspectos da vida, inclui novos sistemas de valores, novas ordens e precisamos definitivamente estarmos inspirados para desfrutar e não rejeitar o ânimo que lançam sobre as coisas novas; seja governo ou ciclo de vida. É desejável evitar a traiçoeira tendência de supor que a responsabilidade decisiva das coisas darem certo, seja de algum outro e nunca nossa.

Não podemos nos colocar contra tudo, entretanto estar em desacordo com algunas decisões que os novos governos tomam é sábio até para a sobrevivência política, desde que a propaganda de um governo de transformação foi incapaz de dar resultados práticos e portanto, melhor apostar num governo de construção flexível, com limites sujeitos à mudanças.

Diante de uma realidade simultaneamente complexa , movimentada, chega a hora de sair do campo da defesa dos discursos. Colocar a mão na massa enfrentando manifestantes, eleitores, jornalistas, defensores, críticos, analistas não é tarefa de igual simplicidade quanto subir em palanques e fazer videos acidentais para alimentar as mídias sociais.

Seres, políticos ou não, envoltos em sentimentos, preocupações, obsessões, falhas e virtudes recomeçam suas vidas e governos periodicamente, colocam sonhos e propostas nas mesas com senso de imediatismo para reparar tantas coisas erradas que foram deixadas pra trás, por negligência. É preciso que o senso de urgência atinja os dois Brasis: dos que estão dentro da máquina e dos que estão fora. Merecem todos o respeito de um estado justo, honesto e eficiente, o que já bastaria para a libertação de políticas dispendiosas, desonestas e inócuas.

Aos novos que inauguram nova fase na política, não percam de vista a patética sina das quase 200 autoridades e grandes empresários presos por haver cometido algum tipo de corrupção e a saída deprimente de cena de governantes que deixam seus cargos arrolados em escândalos protagonizados por eles mesmos ou membros de seus gabinetes.

A política exerce um papel fundamental e poderoso na sociedade, uma vez que atinge, para o bem, ou para o caos, muita gente. Essa força poderosa precisa existir em rede para melhorar de verdade a vida das pessoas. A este final não temos conseguido chegar, nem no Estado nem no País. Lá na ponta, a vida do cidadão não tem recebido beneficios importantes. E esse flanco aberto, como uma ferida social, precisa do imediatismo na busca da cura.

A rigor, querer que a política seja libertadora e fraterna é utópico e, as religiões com componentes ideológicos em sua essência, servem de legendas para partidos políticos e não trabalharam para incutir visões de mundo mais elevadas.nos fiéis/eleitores, mas não abre mão de contribuir substancialmente na construção da agenda do futuro. Mas nós podemos ir além do que foi pensado para nós nessas configurações e apesar de cada um pertencer a tradições e culturas e lugares diferentes, não nos percamos nas nossas próprias divisões profundas.

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