Para cultivar paciência é preciso que haja algo que nos tire do sério. E o que, em tese, não falta em nosso dias são pessoas que criam problemas e assuntos que nos aborrecem.
Infelizmente, não somos, nem tampouco vivemos cercados por pessoas gentis e amorosas que conseguem ser adversários em ideias e modo de vida dentro dos limites éticos e civilizados. Na maioria das vezes, as pessoas opinam e retrucam simplesmente por falar. Elas realmente não têm nada de importante a dizer, mas têm medo do ostracismo e do silêncio.
Falar sobre política tem sido sim, um risco sério de envolvimento em situações mal interpretadas, patrulhamento, exposições maldosas e, sobretudo, cobranças, mesmo quando a questão não é colocada no sentido de estar à favor ou contra por razões partidárias ou ideológicas.
Nem as críticas pontuais são bem recebidas. Porém, é exatamente esta rigidez que nos desafia a ter paciência, superar o diletantismo e exprimir as indagações sobre os rumos que perseguimos.
No jogo democrático, para construir a unidade do Estado que queremos, é preciso esgotar a reflexão, a argumentação; valer-se da experiência, da inteligência e do traquejo para envolver-se nos diálogos quase sempre ásperos que rolam por ai.
O momento é de eleições, a pauta é conduzida mais especificamente pelos políticos, porém o protagonismo é do cidadão, que até mesmo sentado no banco de reservas, tenta escalar o time que sonha colocar em campo.
Novos grupos políticos oxigenam o processo eleitoral, contribuem para uma reação orgânica, convocação e inclusão de novos atores. Assim, o eleitor ganha a oportunidade de conferir a solidez do projeto em curso no Estado.
Ser genuinamente adulto e responsável nas relações políticas é saber conter o impulso de verbalizar impropérios quando somos contrariados. Se o discurso de um não agrada, tente ouvir outro e afastar-se dos discursos abusivos, divisores e recheados de fofocas e inverdades.
As intervenções contraproducentes podem até nos conduzir a uma direção oposta à que estamos tentando caminhar porque o discurso de ódio leva as pessoas a lutarem entre si e, definitivamente, não acrescenta nada no sentido de formular um pensamento político de valor.
Dá certa ânsia perceber o processo político destituído de relevância, sem nenhum plano de reestruturação dos partidos. Entretanto, mesmo frente a tantos desafios, a verdade sobre a política não se traduz numa verdade desagradável e negativa. Como todo processo heterogêneo e dinâmico, as coisas harmonizam e desarmonizam e não precisam ser reforçadas com discursos impacientes e intempestivos.