A abundância de matérias sobre a eleição municipal talvez desaconselhe essa abordagem, mas preciso dizer que:
É preciso haver clara aceitação das dificuldades que são inerentes à administração pública, saber que os serviços que necessitam ser executados eficientemente, esbarram na burocracia e em dificuldades de ordem social e econômica. Vale dizer, portanto, que não se pode, ao iniciar a transição, alegar ignorância dos problemas que encontrará pela frente.
.A ausência de oposição entre Emanuel e Mauro é um fato extremamente positivo, porém não deve ser fácil substituir um prefeito que deixa o cargo com mais de 80% de aprovação. O elevado índice é reflexo da seriedade e comprometimento com que Mauro Mendes trata a coisa pública.
Não será preciso inventar a roda. Basta que não se quebre o circulo de ações propositivas que estão disseminadas por Cuiabá.
Não custa lembrar que as ações públicas realizadas pelos políticos não devem ser direcionadas aos holofotes. Não vivemos, como muitos dizem, em estado permanente de campanha. Agora é deixar para trás as tensões, as pressões, as falas engessadas e entregar-se ao exercício, que deve ser delicioso, de preencher a vida dos cuiabanos com mais educação, saúde, segurança e lazer.
Não há que preocupar-se com a falta de cooperação do governo. Após as eleições, as diferenças devem ser relevadas e o regime de colaboração entre esferas diferentes de poder está acima das arestas criadas pelas diferenças partidárias, nem sempre bem digeridas durante o processo eleitoral. As boas relações são as bases para uma igualmente boa governabilidade.
Vencer uma eleição para o Executivo deve ser muito bom. O executivo tem poder de mando, de execução de obras, de transformação da realidade local. O Executivo é a ponta que leva asfalto aos bairros, enche os postinhos de medicação, as escolas, de merenda, as praças, de atividades recreativas.
Cuida para fazer uma gestão inclusiva, onde os migrantes, os trabalhadores das ruas tenham um lugar na sua administração. Acolha todos indistintamente, porque há um fenômeno chamado abstenção, alargando-se a cada eleição.
E esse declínio da participação popular, sem uma leitura acurada, é transmutado na descrença na política, no descrédito dos partidos, no enfraquecimento da militância, na perda de credibilidade dos políticos.
A Fundação Mundial “World Mayor”, que coordena a votação do melhor prefeito do mundo, a cada dois anos, cuja eleição está marcada para dezembro, esclarece que há uma mudança no perfil dos prefeitos que estão sendo votados: são os prefeitos que abraçam as cidades não como problemas que precisam ser resolvidos, mas que tenham demonstrado compaixão, coragem e visão para abrir as portas de suas cidades para imigrantes, que tenham coragem para lutar contra o preconceito e mesmo em face de impopularidade se dedicam para governar uma sociedade incluída e participante.
A sensação é o jovem engenheiro Brita Hagi Hasan, prefeito da cidade mais perigosa do mundo, Aleppo, na Síria. Um prefeito que passa o tempo todo caminhando entre os escombros causados pela ferocidade dos bombardeios das forças de Bashar-al-Assad, tentando oferecer serviços mínimos aos sitiados de Aleppo. Refletindo por ai, não deve ser tarefa difícil governar Cuiabá.