Quais opções os pais que trabalham tem?

As creches, além de garantir formação educacional para as crianças fazem parte da busca das mulheres por igualdade de direitos no mercado de trabalho. Dados do IBGE mostram que o nível de ocupação profissional das mulheres tem relação direta com a frequência de seus filhos nas creches. A luta por creches no Brasil foi protagonizada por uma organização de mulheres feministas e teve início no Brasil, nos anos 1970, no Congresso das Metalúrgicas em 1978 e depois o tema protagonizou o Congresso Mulher Paulista, no ano seguinte. Há, inclusive um dia instituído como Dia Nacional de Luta por Creches, 12 de outubro, quando celebramos o Dia das Crianças.  

 Por mais que o Poder Público tenha ampliado a quantidade de creches e pré-escolas, a demanda não é suprida de forma satisfatória. É comum ouvir notícias sobre as filas para conseguir vaga nas creches públicas em que pese a forma categórica em que a Constituição Federal Brasileira, de 1988 determina que é dever do Estado para com a educação da criança de 0 a 6 anos, o atendimento em creche e pré-escola, o que é reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e na A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que ordena que as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada, pertencem ao sistema municipal de ensino, responsabilidade da Prefeitura.

Para atuar na área da educação de modo geral, é preciso de uma autorização de funcionamento e supervisão da Secretaria Municipal de Educação. Deve-se montar um processo que cumpra algumas exigências, tais como: ter propostas pedagógicas, plano de educação, além de prova de habilitação profissional dos colaboradores. Cuidados, muitas vezes negligenciados pelas vistorias apressadas do poder público.

Verificando notícias recentes sobre maus-tratos nas creches públicas e privadas no estado de Mato Grosso, há uma variedade de denúncias nas cidades de Canarana, Lucas do Rio Verde, Cuiabá, Sorriso e outros. Em Sorriso, uma creche foi fechada após ser denunciada em 2022 e há duas semanas, surgiu um novo e inaceitável caso de maus-tratos contra crianças. Um casal proprietário de um berçário e hotel infantil privado no município foi preso e indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de tortura e castigo, ameaça, maus-tratos e omissão. Ex-funcionárias do estabelecimento procurados pela polícia confirmaram as denúncias feitas pelos pais das vítimas e entregaram imagens gravadas de cenas de violência contra as crianças e relataram as ameaças feitas pelos donos da creche caso denunciassem. 

Porém, mesmo considerando que a vida de várias crianças poderia estar sob risco, escolheram se omitir, lamentavelmente! A violência física, sexual e emocional bem como a negligência contra crianças são crimes, e é dever de todos denunciá-las. É por meio do silêncio que a violência prospera e funciona.  

Lendo a entrevista com a delegada, relatando os episódios de tortura que constam no inquérito, dá um mal-estar sufocante, porque não há como um casal, conciliar jornada de trabalho e cuidados com filhos pequenos sem contar com os serviços de creches privadas ou públicas. A maioria das famílias atualmente tem poucas opções para garantir os cuidados com filhos pequenos. Podem pagar uma babá ou podem ficar em casa e cuidar de seus filhos, mas isso é cada vez mais difícil, já que a maioria das famílias depende da renda de pelo menos duas pessoas para sobreviver. Portanto, a opção não é temer ou evitar o serviço prestado pelas creches públicas ou privadas e sim, cobrar do poder público municipal a fiscalização responsável dos serviços delegados que estão sob a sua responsabilidade e denunciar práticas de maus-tratos imediatamente ao percebê-las ou tomar conhecimento.

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