isso é inevitável. A análise política do momento é o pensamento dos analistas e políticos debruçados sobre eles mesmos para reajustar-se à realidade mais adiante.
As opiniões sobre o mesmo fato são contraditórias, mas isso não nos deve impressionar, pois, salvo exceções, análises, embora algumas elaboradas com estudos profundos refletem pontos de vista individuais, sujeitos às idiossincrasias de quem analisa os fatos.
Ainda é cedo, as definições políticas têm calendário para acontecer e por que razão os políticos antecipariam suas decisões? Dos políticos não se espera que tenham apenas uma visão genérica do caos, mas que trabalhem firmados em dados e fatos.
É hora de ouvir para ampliar o ponto de vista; ouvir para saber o que excluir; ouvir para reafirmar a decisão, consciente da prematuridade do momento e que nenhum colégio de iluminados está apto a decretar a verdade que outubro nos revelará.
E não é tarefa fácil desviar-se do sistema estabelecido há décadas que prevê fazer concessões absurdas, injuriar, plantar notícias falsas, sobrepor-se ao partido e aos apoiadores, acender uma vela para Deus e outra para o diabo, para levar adiante propostas sérias, considerando a transversalidade de uma agenda sem interesses privados e que contemple várias categorias de cidadãos.
Em entrevistas públicas candidatos e analistas têm exagerado na divulgação de teses; é Jayme com Taques, Mauro com Pivetta e você se pergunta: como assim, não são Jayme e Mauro do mesmo Democratas? Ainda assim devemos seguir sem perder o senso de medida.
A maioria dos candidatos não discute e não propõe o que é essencial para o Estado e para Brasil, alguns por medo de perder votos, outros para não esvaziar o debate antecipadamente e outros, dotados de características próprias favoráveis à promover a mudança, movimentam-se cuidadosamente e destacam-se da massa que postula um cargo eletivo e se projeta como uma forma de representação coletiva.
De fato é pré-campanha. Nem os aliados estão configurados. Um e outro adversário são óbvios por estarem em desalinho com a linha pragmática de determinados partidos ou grupos. E não nos esqueçamos ainda das recomendações que virão dos Diretórios Nacionais dos Partidos, permitindo ou vedando algumas coligações. Por enquanto o panorama é incerto, especulativo, temporal e não se sustenta até a próxima semana.
Entre tantas incongruências estabelecidas pelo sistema brasileiro, o político que precisa proteger-se contra a punição de seus crimes deve concorrer ao mandato de deputado estadual. Viu isso? O Supremo decidiu que os mandatos de senador e de deputado federal não protegem os eleitos contra a punição por crimes cometidos antes da eleição, mas os de deputado estadual, sim.
O eleitor não gosta muito de arriscar, de ficar sem a pouca representatividade, quando tem, porém, a eleição é uma extraordinária oportunidade de mudança e ajustes quando as coisas não estão bem. O poder político concede inegável visibilidade ao eleito, mas cobra-lhe a fatura com muita exposição.