Sub-representatividade compromete avanços. Não sou eu quem estou dizendo isso. É isso. A política é uma poderosa ferramenta de transformação social. É importante estar aberto ao diálogo e as novas ideias, minimizar o confronto, parar de reclamar que está tudo ruim e não ter medo de mudar de posição.
Através dos economistas ouve-se que o tema que moverá essa eleição será a economia. A situação econômica vai influenciar muito o eleitor na hora de firmar seu voto. Não há como ignorar a pobreza extrema, o bendito sai e entra do Brasil no mapa da fome das Nações Unidas. Uma nação marcada pela estarrecedora notícia que há mais de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer almeja mudança e ataque direto à causa, que é de conhecimento de todos os brasileiros: a desigualdade social.
Aliás, desigualdade é uma palavra que permeia a vida de milhares de brasileiros. A desigualdade no nosso estado e no país é gritante na questão de gênero, na condição social e representatividade política. O que temos percebido são as pessoas conservadoras, brancas, influentes alegando que as minorias estão pautando as discussões políticas e as minorias reclamando que não são ouvidas e enfrentam dificuldades imensas para ocupar os espaços de poder. A desigualdade representativa em todos os poderes, principalmente no legislativo é uma realidade incontestável aqui no estado e em todo o país, onde grupos importantes são sub representados.
Hoje, na Câmara Federal e no Senado apenas 17,8% dos nossos parlamentares são negros, embora estes representem 55% da população. Registramos avanços, mas só mesmo quem tem a grandeza de se colocar no lugar do outro ou quem vive as dores de suas necessidades, da fome ao preconceito pode formular políticas para melhorar suas vidas.
A falta de políticas públicas que contemple o cidadão negro, humilde, morador de periferia se justifica pela falta de representatividade dessa população no Congresso Nacional, onde estas pautas são concebidas. Estende a outras populações, como mulheres, indígenas, LGBTQIA+ o mesmo problema de representatividade ou falta de empatia às suas causas, o que inegavelmente resulta na falta de políticas públicas afirmativas para as populações excluídas de participarem das eleições, ou que participam sem recurso e apoio dos partidos. Lamentavelmente não será a eleição de 2022 que vai promover uma mudança radical nesse cenário e abrir espaço significativo aos excluídos, mas isso é um processo que precisa ser iniciado com educação, discussões profundas para sensibilizar as pessoas em posições de decisão e poder e principalmente, o eleitor.
Talvez o eleitor tenha se cansado de bater nas mesmas teclas todas as eleições: saúde, educação, segurança…e perceber que nestes quesitos as mudanças são lentas, muitas vezes imperceptíveis, avança-se num determinado governo, retrocede no seguinte, mas é possível sim, que o governo se comprometa com a solução de muitos problemas sociais, potencializando os investimentos em educação de qualidade, as eleições são uma oportunidade para o eleitor cobrar isso.