Não é verdade que o Carnaval encobre atos escusos do Congresso Nacional e dos políticos em geral em esferas abaixo. Divertir-se não exclui a possibilidade de continuar exercendo marcação cerrada na tramitação de assuntos relevantes para o bem-estar da nação.
Não há como colocar samba na economia, na falta de segurança, na reforma educacional em andamento. Acontece que o Carnaval se estabeleceu no país assim como os problemas acima citados e uma coisa não deve tirar o foco da outra.
O samba desce a avenida aqui nos trópicos e a vida segue seu ciclo inexorável com os progressivos registros de ataques do Aedes Aegypti, transmitindo dengue, zika e chikungunya e a novidade do surgimento de muitos casos de febre amarela, sobretudo em Minas Gerais, mortes por excesso de velocidade, condução sob influência de álcool e outras substâncias, mas sob a ótica do turismo e não da cultura, é preciso deleitar o mundo com a imagem das mulheres seminuas!
Pode não ser este um momento de ensinar ou aprender, mas nem é tampouco um momento de sentir-se seduzido só porque não resistiu e assim como eu, foi espiar a festa pagã. Ao fazermos uma leitura racional sobre o Carnaval, não podemos simplesmente assimilar a falação sobre a perda de produtividade do país no período porque estamos diante de um evento colocado pelos turistas, no nível de eventos esportivos globais, como as Olimpíadas.
Além disso, o carnaval gera uma imensidão de empregos temporários, no ano passado, algo em torno de 250 mil pessoas, entre costureiras, bordadeiras,cenógrafos foram contratados pelas escolas de samba e blocos para produzir o show.
Na representação do teatro da vida, sigamos lutando com equilíbrio entre informação e ação, trabalhando entre ética e estética, o tolerável e o intolerável. Gostar ou não de Carnaval, não importa a ninguém senão a si mesmo, portanto, não se debulhe em críticas vãs, tampouco se perca a ponto de desconectar-se da realidade.
Nenhum ser perde a noção do meio termo, do equilíbrio e bom senso somente porque é carnaval. Alguns perdem essas noções básicas de civilidade porque bebem.
Depois do carnaval seremos sacudidos pela votação da reforma da previdência e suas pequenas maldades, que deve elevar o valor da contribuição e a idade mínima para o cidadão aposentar, além disso, o tempo de contribuição deve subir para míseros 49 anos. Tranquilo, né?
Também em pauta, o pacote anticorrupção, votado misteriosamente numa manobra no meio da noite e ainda reforma do ensino médio. Diante do sinistro que nos espera, saibamos que a imagem que o carnaval sustenta no exterior principalmente, é fruto das plantações da mídia brasileira, que ora endeusa e veste a fantasia, ora excomunga os foliões e a desordem.
Na Orla do Porto de Cuiabá, a mágica batida dos tamborins do grupo Olodum não deixou ninguém ficar profetizando ou filosofando se em tempo de carnaval os brasileiros são malandros ou heróis.