Situação e Oposição

Nada que acontece no mundo moderno é imprevisível. Todas as conjunturas políticas são decorrentes de falhas, incompetência e omissões. No mundo globalizado, os governos estão cada vez mais impotentes para gerenciar as crises e os indivíduos estão cada vez mais insatisfeitos com seus governantes.

Tem sido difícil distinguir um partido do outro; a situação da oposição, pois todos se movem dentro do mesmo sistema e estão sujeitos aos mesmos desvios perigosos. Por isso, acho que está em crise o sistema político tradicional como um todo. Nenhum partido representa realmente os anseios da população e, mesmo quem não participou de nenhuma das manifestações, não está satisfeito com o governo.

Aliás, a criação desenfreada e até mesmo a recriação de partidos tem servido apenas para atender interesses privados, para cacifar líderes políticos visando as eleições municipais. Entretanto, esse sistema eleitoral absurdo não é tema de preocupação no Congresso Nacional desde que aprovaram a PLC/75 em setembro do ano passado, após “exaustivos debates” (como pode um tema tão sério ser analisado, alterado e votado em apenas 2 dias)?

É preocupante que dos 65 deputados federais indicados dia 17 de março para integrar a comissão que vai analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, 40 receberam dinheiro de empresas investigadas durante a campanha de 2014. Cerca de 20 desses parlamentares já foram inclusive julgados e são réus.

O deputado que recebeu a maior fatia foi Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), recebeu R$ 732 mil e é favorável ao impeachment da presidente. O deputado Paulo Maluf (PP-SP), vice-campeão, com R$ 648 doados por empresas denunciadas é contrario ao impeachment.Na lista divulgada há sobrenomes famosos como Covas, Bolsonaro, Abi Ackel, Feliciano, entre outros.

Entre os partidos que indicaram nomes para a comissão, apenas PSOL, Rede, PV, PROS e PEN não receberam recursos dessas empresas.

A propósito, não estamos aqui falando da luta do bem contra o mal, do bate boca insuportável entre situação e oposição, mas propondo que conversemos sobre os projetos de poder a qualquer custo, sobre a corrupção e a justiça seletiva, que investiga uns e fecha os olhos a outros. Precisamos aprimorar o debate que está colocado nas ruas, para não perdermos o gancho. São os partidos, os congressistas que irão definir se o governo cai ou não. Cobra-lhes pois, posição. Manifestações de rua podem influenciar o voto dos parlamentares, não podemporém, ultrapassar o poder das instituições.

O processo legal tem seus ritos. É importante que o desfecho da crise que vive o Brasil seja institucionalizado, com decisão do Supremo ou seguindo os trâmites para o impeachment, de forma imparcial. O gigantismo das denúncias impressionam. O deboche dos congressistas é insustentável. E tal atitude se espalha pelos governistas e oposicionistas. Sejamos sérios e não céticos com relação a política!

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