Na edição de 2021 do Women Map of Women in Politics, os dados mostram recordes históricos para o número de países com mulheres Chefes de Estado, bem como para a parcela de mulheres escolhidas como ministras. As mulheres ministras, no entanto, continuam a dominar pastas que cobrem assuntos sociais, assuntos da mulher e igualdade de gênero, educação. Dada a evidência de que as mulheres políticas são geralmente mais propensas do que os homens a apoiar pautas sociais e não apenas isso.
Um longo caminho a percorrer.
Lei que garanta a representação das mulheres na política existe, mas a necessidade das mulheres na política não é reconhecida e nem sempre apoiada pelos homens que dominam o cenário. Segundo o pesquisador, doutor em demografia, José Eustáquio Alves, a dificuldade para se alcançar a paridade de gênero na política não é culpa do eleitor, que elegeu e reelegeu Dilma Rousseff presidente, mas sim, dos partidos políticos, que criam barreiras para viabilizar candidaturas femininas.
É essencial que a mulher que ocupa um espaço de poder, abra caminho para outras entrarem.
Apesar de representarem mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, mulheres ainda são minoria na política. No Brasil, cumprindo o mandato de governadora há apenas uma mulher, Wilma de Faria, no estado do Rio Grande do Norte. Nos 89 anos em que as mulheres conquistaram o direito de serem eleitas sómente 6 Estados brasileiros já elegeram mulheres governadoras. A primeira eleita foi Roseana Sarney há 28 anos. Das 5.570 prefeituras apenas 658 cidades brasileiras são comandadas por mulheres desde janeiro de 2021. Dos 141 municípios de Mato Grosso, apenas 15 são comandados por mullheres.
A violência política contra as mulheres ser crime previsto em lei que tramitou demoradamente na Câmara e foi aprovada por unanimidade no Senado, sancionada pelo Presidente Bolsonaro desde o ano passado, proibindo a discriminação e a desigualdade de tratamento por gênero, raça em todos os espaços de representação política. Segundo a Agência Senado, a lei proibe obstaculizar ou restringir os direitos políticos das mulheres, não apenas durante as eleições, mas no exercício de qualquer função política ou pública. Também serão punidas práticas que depreciem a condição da mulher ou estimulem sua discriminação em razão do sexo feminino ou em relação a cor, raça ou etnia.
Não basta serem chamadas de guerreiras, determinadas, com mais sensibilidade do que os homens. Na prática, na busca ou no exercício de seus direitos políticos, as mulheres continuam enfrentando humilhações, piadas sexualizadas, insultos, rumores sobre sua vida privada, aparência, sofrem exclusão, constantes interrupções nos debates legislativos e não são igualmente acudidas pelo financiamento com o fundo partidário para suas campanhas eleitorais.
Ao ler sobre a luta das mulheres para ocupar espaço político, sobretudo quando são ativistas nas causas incômodas aos poderes autoritários, levou-me a conhecer a história recente da jovem mexicana Elisa Zepeda Lagunas, 37 anos, defensora dos direitos e da participação das mulheres nas decisões do governo local. Foi a primeira prefeita do município de Eloxochitlán de Flores Magón, no distrito de Oaxaca e deputada para o Congresso Estadual de Oaxaca.
Na caminhada sofreu todo tipo de violência política. Ao destacar-se na organização de manifestações, em 2014 foi alertada pela administração municipal que as mulheres não deveriam participar da vida pública, nem ocupar-se de fazer denúncias. Ao participar de uma assembleia política, a casa onde estava sofreu uma emboscada por alguns homens da administração municipal.
No ataque, assassinaram seu irmão, feriram sua mãe, Elisa teve o carro e casa queimados. Foi levada pelos agressores, torturada, deixada para morrer. Não morreu. Fotografou-se banhada em sangue e enviou a foto com pedido de socorro para ativistas dos direitos humanos, procuradoria do estado, autoridades nacionais. Uma comissão de inevestigação foi instaurada e os autores do crime foram condenados à prisão. Recebeu proteção do estado e isso permitiu que ela continuasse com seu ativismo.
Quando chegou a eleição municipal, pela primeira vez a população local escolheu uma mulher. Elisa foi eleita o correspondente ao cargo de prefeita, em 2016. Em 2018 candidatou-se ao Congresso Estadual de Oaxaca e elegeu-se deputada. Em campanha pela reeleição este ano, desistiu! Carros estranhos foram flagrados fazendo campana nas proximidades do comitê e os agressores que foram presos em 2014, foram colocados em liberdade.