A primeira condição para que o diálogo seja possível é o respeito recíproco, que pressupõe o dever de compreender aquilo que o outro diz. Depois, é muito difícil retirar todos os véus que nos cobrem a natureza. Neste espaço, temos falado sobre política, amizade, construção de um mundo melhor. Precisamos agora aprofundar nosso relacionamento e falar da parte que nos define, competitivos, manipuladores, fonte de bondade ou apaixonados. O propósito é de que vivamos em paz e harmonia, no entanto a natureza tem reconhecido o nosso envolvimento na destruição de seu ambiente e está nos dando um severo ultimato: se não nos moldarmos, seremos expulsos daqui.
Estamos num ponto crucial de nossas existências e a consciência de que outros seres como nós, diferentes e opostos a nós existem e que suas existências são importantes de uma maneira ou outra, parece elementar, mas não é. Muito do que percebemos sobre o mundo, só nos é revelado quando algo vai mal, quando penetramos no processo de desencantamento ou no lamentável conforto de uma vida pequena. Sofremos por falta de paixão.
As pessoas habitualmente culpam as mídias sociais pelo afastamento de seus sentimentos verdadeiros, convencidos de que quando nos falamos pessoalmente, abrimos a alma e deixamos à mostra nossa essência. Nem sempre! Quando saímos para encontrar alguém pensamos primeiro em ter uma boa aparência, demonstrar que temos dinheiro, não deixar que percebam as nossas fraquezas. Enfim, buscamos em nós próprios, o modelo da auto realização e muitas vezes precisamos do outro apenas para referendar nossa imagem.
O mundo não é uma máquina automática, que opera e se move sozinha. Quando não nos importamos com o outro, quando jogamos lixo nas ruas, agimos com rispidez com as pessoas, mentimos, corrompemos, matamos animais ou pessoas, nós estamos desarmonizando um sistema que foi criado e tornado perfeito, para que nós e os nossos filhos pudéssemos conhecer animais livres e homens de alma generosa. Entretanto, refletindo: a vida é difícil e os homens são frágeis. O resultado disso é que nossas ações contribuem com efeitos mínimos e remotos, por isso vivemos entre convulsões, espasmos e explosões.
Então, como é que vamos cuidar do planeta, se não sabemos cuidar direito de nós mesmos? Como é que vamos enfrentar lutas em nome de outras espécies, se não podemos defender a nós mesmos? Como vamos proteger a água que bebemos e o ar que respiramos? Como podemos salvaguardar os fundamentos da vida?
Para fazer isso, temos de nos conhecer, do medo à raiva.