Transições

A transição é como nascimento. Quando você começa a se sentir apertado e desconfortável, quando não há mais espaço no útero é hora de entrar no mundo grande.

Pode haver inquietação e incômodo. Mas as transições são mudanças que ocorrem naturalmente, e não apenas, no percurso de vida do homem. É o encerramento de um ciclo e entrada em outro como um fenômeno permanente e universal, mas que pode ser constituído dentro de práticas flexíveis e nem sempre temos que viajar muito longe para experimentar elementos novos no processo de transição.

A maioria dos eventos da vida são iniciados com o estresse da transição, por abandonar um estágio conhecido e talvez confortável para misturar sentimentos de excitação e medo ao iniciar um ciclo novo.

As transições são mudanças de status e processos transformadores, que podem se dar de forma confiável, afirmativa e discreta. O sociólogo Zygmunt Bauman, porém, vê a sociedade pós-moderna ser caracterizada por mudanças radicais, por uma constante derrubada de paradigmas e tradições desde a economia, cultura e ciclos de relacionamentos.

Para Bauman, vivemos um período de transição irregular, em que estamos perdendo apreço aos elementos estáveis, que nos garantem equilíbrio para passarmos por transformações e deslocamentos e, assim, a incerteza ocupa lugar cada vez mais central no modo de vida contemporâneo.

Alguns momentos de transição podem ser muito desconfortáveis, sobretudo se causados por perdas ou por diagnósticos inesperados. As escolhas e o ânimo podem ser irrevogavelmente alterados por algumas mudanças.

Mas aqui falamos da transição que dá seguimento a vida. A transição de pular para o momento seguinte e não ficar sapateando em cima da infelicidade conhecida por temer algo completamente desconhecido, que habita do outro lado da rotina. É preciso coragem para atravessar de um lugar para outro.

Em algum momento, a inevitabilidade do movimento de ir para a frente vai acontecer. Chega um ponto em que não há retorno e a transição para o próximo ponto tem que ser feita consciente que a absorção das mudanças não pode significar uma aceitação cega e sem critérios. Entender e seguir as transições da vida é não importar-se em regressar, uma vez ou outra, com uma derrota sobre os ombros.

Li um artigo escrito na década de 1960, que tentava conceituar a ligação entre estresse e as transições inevitáveis da vida. Embora os eventos estressantes atinjam todos os seres, as mulheres, idosos, membros de minorias e pessoas economicamente desfavorecidas experimentaram níveis mais elevados de estresse, dado as condições desiguais que encontravam quando precisavam demonstrar esforço na direção de um objetivo.

Deve continuar assim. Resta certo que o momento de se entrar na escola, por exemplo, antecipou-se, o momento do casamento retardou-se, o tempo de vida alongou-se.

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