Deveríamos ter mais disposição para ouvir a opinião dos outros. A pessoa que não ouve e só defende seu ponto de vista não consegue criar harmonia ao seu redor, pois que os nossos pontos de vistas adquirem nossos conceitos principalmente quando falamos de política, futebol e religião. Tratar destes temas é complicado e exige muita diplomacia e gentileza, porém, quando sentimos que nossas verdades são maltratadas ou contestadas com veemência, a tendência natural é adotarmos comportamento defensivo e assim começam a brotar justificativas de todas as maneiras na tentativa de demonstrar que nossa verdade e argumentos são invencíveis, o que invariavelmente nos leva a um estado de violência verbal, como vê-se agora quando se discute política e futebol.
Enquanto deveríamos aprender a valorizar a opinião divergente, interpretá-la com sabedoria e extrair as valiosas qualidades que há no conhecimento alheio, o que percebemos é que a intolerância está no ar, sobretudo nas redes sociais. O candidato e o time defendidos com postura tolerante e cortes não perdem a força na defesa de seus ideais e estratégias para vencer.
Não cabe mais travar lutas ideológicas infindáveis, em que a única opinião acertada é a sua. A política hoje é costurada em base bem mais flexível, o futebol tem apresentado táticas bem mais elaboradas e técnicas, razão pela qual não houve disparidade gritante entre as seleções, o que favoreceu a chegada de países inesperados como Costa Rica e Colômbia nas oitavas de final.
E se no meio destes temas tão diversos quanto as pessoas que os discutem houvesse a aceitação do comentário do outro, com respeito e com zelo? As discussões acirradas, independentes de suas inclinações ideológicas, servem apenas para suprir as necessidades de seus seguidores, não explora a riqueza do contraditório.
O esforço que você faz para entender de política e futebol, o outro também faz, mas ao se definir quem apoiar no futebol ou na política vários fatores determinantes são levados em conta, segundo o critério e vivência de cada um. Comentaristas esportivos sofreram verdadeiro linchamento verbal ao ponderarem que não houve por parte do jogador colombiano uma tentativa deliberada de se tirar o Neymar da Copa do Mundo. Nenhum comentarista negou a violência desmedida da falta, a gravidade da lesão, mas o povo queria mais, estava sedento por vingança.
Em muitas conversas sobre a campanha política que se inicia, repete-se os mesmos atos de intolerância com o pensamento oposto. Um erro comum que ocorre com o pensamento cotidiano é essa tendência das pessoas gerarem evidências e testarem hipóteses de forma inclinada apenas para suas próprias opiniões. Este é naturalmente um viés equivocado e contaminado que nos faz olhar o mundo sob uma perspectiva egocêntrica.