Voto descolado

Está difícil entender o que move o eleitor de um lado para outro em completo descompasso com a coerência, colocando no mesmo cenário políticos de práticas divergentes, adversários, rivais.

Os eleitores estão literalmente ignorando as coligações formalizadas lá em cima, pelos Diretórios Nacionais dos partidos e disparando para todos os lados quando o assunto é apoio aos candidatos. Uma campanha estranha onde adversários históricos dividem espaço no adesivo e banner das campanhas.

Intriga, embora eu entenda que o jogo eleitoral nem sempre seja pautado pela coerência. A maioria das coligações e mesmo apoios velados são concebidos para  atender a questão nacional dos partidos e candidaturas  majoritárias e por isso, paga-se o preço de bater de frente com as críticas e falta de credibilidade por essa flexibilização escandalosa que abriga no mesmo seio   candidaturas de posturas absolutamente adversas e contraditórias.

Considero importante manter a pluralidade da sociedade representada nos partidos políticos, todavia, a fragmentação do sistema partidário é uma realidade e a necessidade de conciliar pensamentos e interesses tão díspares trazem inevitavelmente abalos para a coalizão. É a tensão criada pela disputa por espaço. Percebe-se que a formação de coligação é de caráter temporário e por mais inconsistente que seja é uma potente estratégia para se eleger considerando uso compartilhado de recurso, de tempo do horário político no Rádio e TV.

Sem tentar estabelecer vínculo algum com ideologias, creio que o voto deste ano será definitivamente em nomes e conceitos e enquanto não for levada a cabo a Reforma Partidária suprimindo o absurdo de termos 35 partidos políticos registrados e aptos a lançarem candidatos, muitos dos quais, sabemos que prestam ao papel de serem partidos de aluguel, através dos quais os  partidos grandes atacam os adversários. Ainda, não se pode esperar coerência de um sistema político anormal, onde poucos parlamentares tem, de fato poder de influenciar as discussões no Congresso.

O voto dos indecisos seguirá na mesma medida descolado dos contextos lineares e lógicos, acentuando a porcentagem de alianças inconsistentes, concretizadas, ignorando por completo as idiossincrasias nacionais e estaduais.

Há pesquisas que mostram que a maioria das coligações efetivadas são ideologicamente desconexas, tem aumentado gradativamente e atinge todos os estados e em todos os níveis de candidaturas e nem sempre, ou quase nunca, guardam entre si, interesses comuns.

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